segunda-feira, julho 25, 2005

Sémen


Quem diria que o meu único erro foi tê-la amado de todas as maneiras e formas! Acreditava eu... que a medida do amor era amar sem medida!
Amei-a até á sua própria exaustão... tornando-me num ser execrável até mesmo para mim próprio. E hoje... os espinhos e cardos que me atravessam dos timpanos ao cérebro não me deixam nem sequer ouvir pensar!
Sim sou fútil... Sim sou mesquinho!
E aquilo que sempre significou o princípio do Ser... foi o fim do meu! Apunhalado pelas costas pela própria semente...
E aquele ventre que afagava nas noites de todos os delírios virou fotos mal tiradas a preto e branco... Tal como o sémen secou em memórias por mim escritas em papel verge, e apagadas por ela por não as ter!
O meu relógio de pulso parou á varios dias atrás e agora... agora resta-me um pequeno álbum de esquissos por mim desenhados enquanto a observava a dormir... num sono profundo e cansado após o orgasmo...
Ambos odiamos (mais que a nós próprios) o Ser que nunca chegou a sê-lo!
> Sémen

sábado, julho 23, 2005

Despojos

Foto: Frederic Grillard

Encontro despojos de ti em toda a parte... retalhos que induziram em erro o meu caminho... minha ilusão! Os sons... as palavras... o silêncio... lembram-me que nesta terra de ninguém entre a luz e a sombra... e o preto e o branco... entre a vida e a morte... Há a tua presença ausente! A PENUMBRA não é nem uma coisa nem outra mas ambas ao mesmo tempo! E é na PENUMBRA que as formas se fazem e se desfazem... adivinham-se figuras... desmoronam-se certezas... põem-se interrogações, mas... mas sempre com os despojos de ti em toda a parte!

"As a light changed, so did the face

and when the lights went out

so the face did disappear

and yet we knew it was there."

Pousette-Dart

> Despojos

quarta-feira, julho 20, 2005

Chaga





Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Diz sem querer poupar meu corpo
"Eu já não sei quem te abraçou"
Diz que eu não senti teu corpo sobre o meu
Quando eu cair
Eu espero ao menos que olhes para trás
Diz que não te afastas de algo que é também teu
Não vai haver um novo amor
Tão capaz e tão maior
Pra mim será melhor assim
Vê como eu quero
E vou tentar
Sem matar o nosso amor
Não achar que o mundo é feito para nós

Foi como entrar
Foi como arder
Para ti nem foi viver
Foi mudar o mundo
Sem pensar em mim
Mas o tempo até passou
E és o que ele me ensinou
Uma chaga pra lembrar que há um fim

Ornatos Violeta
> Chaga

terça-feira, julho 19, 2005

Quantas vezes fiquei só...

Foto: Francesca Woodman


Quantas vezes fiquei só... gritando num silêncio desmedido e arrepiante?! Onde o precipício era mais que um abismo sem fundo... sem volta. O gosto amargo de quem perdeu o chão em segundos. Quantas vezes fiquei só... Por entre ruas e ruelas, becos da minha imaginação... Utopia? Quantas vezes me perdi entre desenhos e fotos que não me fazem esquecer o que quero... o que somos! Quantas vezes me senti um enjeitado com pose de majestade a caminhar para o horizonte com o medo de olhar para trás. Porém... A saudade (palavra que arrepia) fica sempre! E seca-me por dentro como de uma morte lenta e anunciada se tratasse... o sangue transformado em nada segundos depois de um... "Até amanhã"!
> Quantas vezes fiquei só...

A penumbra da claridade

“Será o mundo a claridade do
Espelho
De alguém que se esconde

Fará parte esta sombra
Do dom do que eu sou
Quando a luz é o gesto
Do ser que me criou

E aquele sinal o que é
Em PENUMBRA
Depois de tudo o que for mais
Além

Será o desconhecido alguém

Quando tudo o que não é
É também
E tudo o que não for
Também é

Na paz da mansidão do universo

Quem sabe
Eu sem saber
Acredite em ti
E tu
Quem sabe
Sem que eu saiba
Acredites em mim
Por fim”


Fausto Bordalo Dias
> A penumbra da claridade

segunda-feira, julho 18, 2005

Se aliviar a alma fosse assim tão facil...


> Se aliviar a alma fosse assim tão facil...

A sombra da Penumbra...

> A sombra da Penumbra...