quarta-feira, junho 07, 2006

A casa...

A madeira daquela cama apodrece cheia de uma humidade que não é a tua... o chão de madeira infecto continua a ranger com os teus passos... a mesa sempre posta... o espelho que tudo mostra sempre embaciado das noites loucas... e infinitas!

Os fins de tarde com o cheiro a quem com a pele pinta as cores mais intensas. Somos esta casa cheia de invernos passados num frio quente dos corpos... este espaço sensitivo entre os dois... o odor entranhado na imensidão de uma lua cheia... Os retratos que na penumbra revelam quem nós somos ou mesmo as páginas em branco de um livro guardado entre memorias cegas!

Uma morte gravida de uma vida tropeçada num desafio continuo... ou uma vida morta pelo proprio viver amargurado por a morte nunca chegar a horar...

Somos aquela casa onde os sonhos se tornam o mundo... o apetecer delicioso das palavras... esse sublinhar passível de ser sentido em qualquer lugar... onde o limiar entre uma boca e outra é tão suave... onde a fronteira entre os nossos corpos é tão ténue... e eterna.


"Só são paixões as que nos tocam primeiro e nos surpreendem; as outras não passam de ligações a que levamos voluntariamente o nosso coração. As verdadeiras inclinações arrancam-no mesmo quando não queremos"

Fonte: "A Princesa de Clèves"

Autor: La Fayette, Marie

> A casa...

9 Comments:

Blogger Joana said...

é uma pena que não abras mais vezes as portas da tua casa, aqui pelo menos. Permite-me dizer que escreves bem. Já to tinha dito, certo? Bom ler-te :)

quarta-feira, junho 07, 2006 12:44:00 da manhã  
Blogger polegar said...

casa, lar, refúgio, aconchego, vento nas cortinas, corrente de ar no verão, chuva no vidro, sossego, música alta, chão frio, pés descalços, pantufas, lençol, edredon, pele, arrepio, chuveiro, banheira cheia, velas, almoço, cozinha, cebola refogada.

quinta-feira, junho 08, 2006 1:06:00 da tarde  
Blogger Eli said...

Afilhado, passa o tempo, mas consigo perceber porque não esqueci de "ti", da expressão das tuas palavras.

:)

sexta-feira, junho 09, 2006 11:14:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

...saudade,a falta...o medo de perder o que esteve perto,o que esteve dentro.memórias que se colam,que nos agarram num viver amargurado.

caro amigo
...simplesmente bonito o que fui lendo por aqui.bravo e o meu abraço.obg por sua passagem por mim.

sábado, junho 10, 2006 2:53:00 da manhã  
Blogger Sara Mota said...

:)

sábado, junho 10, 2006 4:00:00 da tarde  
Blogger BlueShell said...

Hoje não estou bem para comentar o que quer que seja. Desculpa. Beijo, BShell

terça-feira, junho 13, 2006 9:40:00 da manhã  
Blogger Dark-me said...

Gostei das tuas palavras. Voltarei :)
Bjo

terça-feira, junho 13, 2006 11:53:00 da manhã  
Blogger Light said...

"UMA MORTE GRAVIDA DE UMA VIDA TROPEÇADA NUM DESAFIO CONTINUO"

Leva-me a pensar...gostei.

sexta-feira, junho 16, 2006 12:12:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Bem, para mim confesso também não é facil comentar este tipo de textos...têm demasiadas memorias aromáticas para me ser indiferente...
Assim sendo...uma boa semana!
bEIJOS

segunda-feira, junho 19, 2006 2:42:00 da tarde  

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